O Alquimista Jean Dubuis - Alquimia Operativa

Espagiria

O Alquimista Jean Dubuis

Daniél Fidélis ::
Escrito por Daniél Fidélis :: em 20/04/2023
3,5 min de leitura
O Alquimista Jean Dubuis
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Conheci o alquimista Jean Dubuis por meio de um membro da Irmandade Hermética da Sagrada Arte, IHSA.

Ao pesquisar sobre sua obra, deparei-me com um trabalho fantástico que abrange temas como alquimia, espagiria, esoterismo e cabala.

Jean Dubuis foi um grande estudioso e praticante das artes herméticas e sua obra é considerada uma referência para aqueles que buscam aprofundar seu conhecimento nessas áreas.

Seus escritos abrangem tanto a teoria quanto a prática dessas disciplinas, oferecendo uma visão abrangente e integrada do universo hermético.

Embora tenha uma obra de grande envergadura, Jean Dubuis ainda é pouco conhecido no Brasil. Por isso, decidimos abrir uma série de publicações, incluindo livros impressos (com a devida autorização), sobre esse grande estudioso, com o objetivo de divulgar seu trabalho e contribuir para que mais pessoas possam ter acesso a seus ensinamentos e práticas.

Portanto, apresentamos a seguir uma breve biografia de Jean Dubuis.

Um homem, um ensinamento

Nascido em 1919 no departamento francês de l’Oise, Jean Dubuis representa um caso particular dentro do círculo restrito daqueles que buscam a verdade: ele foi um cientista, mas também um Adepto em tudo o que diz respeito à Alquimia e à Cabala.

Em sua carreira como cientista, Jean Dubuis trabalhou como engenheiro eletrônico. A ocupação alemã interrompeu seus estudos universitários, mas teve a sorte de poder trabalhar por vários meses no laboratório de síntese atômica de Ivry, dirigido por Frédéric Joliot-Curie.

Após a libertação da França em 1945, sua trajetória o levou a trabalhar em empresas de radioeletricidade (como eram chamadas na época), terminando como engenheiro por mais de 30 anos na empresa IBM. Lá, testemunhou e participou da evolução dos computadores, desde válvulas eletrônicas até circuitos integrados, passando por transistores.

Como adepto do conhecimento espiritual, Jean Dubuis teve uma experiência iluminadora no Monte Saint-Michel aos oito anos de idade, experiência pela qual lhe foi revelada a existência de um mundo invisível. Gradualmente, ele chegou à convicção de que o mundo invisível é o que sustenta o mundo visível.

Desde então, Jean Dubuis não parou de buscar o caminho que leva a esse mundo, explorando os textos dos Sábios Antigos e submetendo-os a sua própria experimentação. Tanto o simbolismo como a Cabala e a Alquimia são ciências “tradicionais” que Jean Dubuis estudou e aplicou com um método rigoroso, livre de qualquer forma de preconceito.

Como membro de grupos filosóficos, Jean Dubuis começou dando uma série de palestras, fóruns e conferências sobre a Cabala, particularmente sobre a estrutura do ser humano e do universo.

Além disso, nas revistas desses grupos, ele começou a publicar uma série de artigos sobre esses mesmos temas desde o início dos anos 1960: alguns desses textos atravessaram o Atlântico e foram publicados em revistas norte-americanas.

Durante suas palestras públicas, as perguntas dos participantes levaram Jean Dubuis a concluir que, tendo em conta o aspecto eminentemente tecnológico de nossa cultura atual, uma disciplina esotérica experimental e verificável seria mais adequada para transmitir a mensagem a pessoas como os cientistas que havia conhecido.

Assim, ele começou a desenvolver um laboratório de prática alquímica, uma ciência da qual havia estudado apenas a teoria até então.

Seus escritos publicados nos Estados Unidos permitiram que ele se relacionasse com vários pesquisadores esotéricos americanos, em particular com a “Paracelsus Research Society”, dirigida pelo químico/alquimista alemão Albert Riedel (“Frater Albertus”).

Inspirado por sua correspondência com Riedel, Jean Dubuis teve a ideia de realizar um curso de alquimia vegetal.

Jean Dubuis, sendo ao mesmo tempo cientista (no sentido moderno do termo) e experimentador das “ciências tradicionais”, se destacou neste longo projeto, bem como nos que realizou posteriormente, como um verdadeiro Iniciado e, ao mesmo tempo, como um excepcional Mestre, aliando a profundidade de seus conceitos com a notável clareza de suas explicações.

Foi com o objetivo de difundir esse trabalho que, após uma série de seminários organizados juntamente com o alquimista italiano Augusto Pancaldi, decidiu criar a associação “Les Philosophes de la Nature” (Os Filósofos da Natureza), fundada em 1979, da qual foi presidente por doze anos.

A Alquimia não é um fim, mas um processo que nos conduz à realização espiritual

Daniél Fidélis ::

A Associação “Os Filósofos da Natureza”

Jean Dubuis considerava essencial fornecer a toda pessoa sincera os meios adequados para resolver o grande conflito sob o qual sofre a nossa sociedade atual: a dicotomia profundamente enraizada em nossa cultura ocidental entre o espírito e a matéria.

Muitos vivem essa dicotomia como algo incômodo, em vez de vê-la como uma oportunidade para liberar o seu pensamento.

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Jean Dubuis observou que as religiões, por um lado, se tornaram imobilizadas em uma posição que se tornou precária diante dos avanços da ciência; por outro lado, a ciência rejeita quase completamente a investigação do domínio espiritual, possivelmente porque teme descobrir elementos que possam fornecer um novo impulso às religiões.

Uma das primeiras coisas que Jean Dubuis constatou em seus estudos foi que o “livro da criação”, que forma a base da Cabala, contém conceitos muito próximos aos da ciência atual. De fato, o livro afirma que “toda a natureza não é senão a condensação de uma única energia primordial”.

Esse livro tem sido frequentemente mal interpretado, seja por ignorância ou intencionalmente. Assim, Jean Dubuis se empenhou em explicar a estrutura do ser humano e do universo de uma maneira que fosse compatível tanto com a visão científica quanto com a concepção cabalística.

Assim surgiu seu curso de Cabala, cujo objetivo é apresentar as bases que, uma vez expostas ao escrutínio da ciência moderna, possam esclarecer o estudante sobre o verdadeiro sentido da vida, liberando-o de toda superstição. Isso implica, naturalmente, que o estudante empreenda ao mesmo tempo um importante trabalho de reflexão e autoexame.

Em suas trocas com Albert Riedel, que havia trabalhado sobre o tema da “Alquimia, ou a Química de Deus” nos escritos dos Sábios Antigos, Jean Dubuis encontrou confirmado seu trabalho sobre a ligação entre o espiritual e o material, entre a filosofia e a ciência.

Assim, ele começou a estudar os textos relacionados a isso e a verificar seu conteúdo a partir de uma perspectiva experimental. De fato, nesses textos alquímicos, ele encontrou um discurso semelhante ao do Livro da Criação: “uma única energia é a base de toda a criação”.

A alquimia pode servir como um procedimento para descobrir experimentalmente os aspectos vivos e espirituais (ou seja, não materiais) dos diferentes reinos da natureza. Esse procedimento permite ao estudante obter uma verificação quantitativa e qualitativa dos resultados de seus experimentos.

O trabalho de Jean Dubuis se cristalizou em um curso de alquimia que tratava especificamente do reino vegetal, e depois outro sobre o reino mineral.

Jean Dubuis percebeu que muitos estudantes eram muito ignorantes dos conhecimentos simbólicos necessários para realmente compreender e dominar essas duas vias. Como resultado, ele completou sua instrução com um curso de esoterismo geral.

Estes cursos foram divulgados dentro do quadro da associação “Os Filósofos da Natureza”.

Qualquer pessoa interessada em estudar uma ou outra dessas Vias poderia se tornar membro da Associação com uma contribuição anual modesta que lhe permitia inscrever-se nos cursos que desejava seguir (com o único requisito de ter concluído e praticado primeiro o curso de alquimia vegetal como pré-requisito para poder seguir o curso de alquimia mineral).

Cada curso era composto por fascículos que eram enviados mensalmente aos assinantes que podiam, assim, trabalhar tanto na teoria quanto na prática, de forma progressiva e metódica. Além disso, o aluno poderia participar de seminários práticos no laboratório e participar de fóruns que aprofundavam esses ensinamentos.

Dentro dessa associação não havia hierarquia, nem distinção de grau. Não era exigido segredo obrigatório ou juramento de obediência. Nenhum membro recebia salário, tampouco Jean Dubuis, já que a associação nunca deveria se tornar uma empresa comercial.

Não havia obrigação de comparecer às reuniões organizadas, nem de mostrar aos outros os frutos de seu trabalho pessoal, já que, como dizia Jean Dubuis, “cada um é filho de suas obras”.

Paralelamente às atividades da associação francesa, Jean Dubuis continuou mantendo seus contatos com os Estados Unidos. Uma delegação de americanos e canadenses veio encontrá-lo na França para pedir autorização para traduzir os cursos da Associação para o inglês e divulgá-los. Jean Dubuis aceitou sob a condição de que seus escritos nunca fossem usados para fins lucrativos. Assim, foi criada uma associação americana com o mesmo nome, “Os Filósofos da Natureza”.

Além de garantir a divulgação dos cursos que haviam sido traduzidos para o inglês, a associação norte-americana, muito ativa, organizou várias reuniões nos Estados Unidos, onde Jean Dubuis pôde dar palestras e seminários para um grande número de ouvintes.

Após 12 anos de funcionamento, durante os quais Jean Dubuis deu o melhor de si e estabeleceu relações privilegiadas com muitos membros da associação, ele decidiu renunciar aos seus cargos e transmitir a tocha da administração da associação para se dedicar mais livremente a novas pesquisas, especialmente na área da relaxação cerebral, cujos resultados iniciais, muito promissores, ele pôde compartilhar com alguns membros que moravam perto de sua casa.

Infelizmente, seu sucessor não esteve à altura da tarefa confiada a ele. Assim, para se distinguir claramente deste último, os americanos renomearam sua associação, chamando-a a partir de então de “The Philosophers of Nature”.

Ao constatar que o espírito de fraternidade e o espírito de tolerância que haviam reinado no interior da Associação haviam se degradado, e que alguns membros haviam sido infiéis à sua ética, Jean Dubuis sentiu que já não podia aprovar suas atividades. Assim, após um conflito interno muito difícil, ele decidiu dissolvê-la.

A Associação “Os Filósofos da Natureza” não existe mais. O único legado que resta são os cursos e diversos escritos que Dubuis publicou na revista da Associação (“Le Petit Philosophe de la Nature“).

Como gesto de solidariedade e reconhecimento a Jean Dubuis, os norte-americanos também dissolveram sua própria associação.

Portae Lucis

No entanto, Jean Dubuis nunca deixou de explorar as pistas que levam à Iniciação. Ele sempre defendeu a ideia de que o objetivo essencial e final, tanto da alquimia quanto da Cabala, é progredir no caminho que leva à consciência de si mesmo.

De acordo com esse espírito, a Iniciação para nós, seres humanos, é o restabelecimento de comunicações conscientes com os níveis superiores do nosso próprio ser, representados pelos Sefirot, que são superiores ao nível material (“Malkuth”), até alcançar o nível de “Tiferet”, que Jean Dubuis chama de “Mestre Interior”.

Ao mesmo tempo, ele percebeu até que ponto esses Caminhos tradicionais são extensos (e, no caso da alquimia, custosos). Assim, ele continuou desenvolvendo um conjunto de ideias e métodos, alguns dos quais já haviam sido anunciados e publicados na revista “Le Petit Philosophe”, e que fornecem ao estudante a possibilidade de vislumbrar um progresso muito mais rápido.

Esse corpo de ensinamentos se cristalizou em um novo documento: “O Tratado Experimental – A Experiência da Eternidade”, que representa o auge do ensino de Jean Dubuis.

Ele se baseia em uma versão modificada da Árvore dos Sefirot, apresentada no símbolo gráfico que Jean Dubuis chamou de “Portae Lucis”, que serve como suporte para os exercícios de meditação propostos neste novo método de progressão espiritual.

Vários antigos membros dos “Os Filósofos da Natureza” (L.P.N.), que ainda se consideravam “alunos” de Jean Dubuis por terem apreciado muito seus ensinamentos e aprofundado seus cursos, continuaram mantendo contato com ele.

Respeitando esse espírito de continuidade, durante reuniões informais, nasceu a ideia de fundar uma nova associação, cujo único papel seria difundir os escritos de Jean Dubuis o mais amplamente possível.

Essa associação sem fins lucrativos recebeu o nome luminoso que sintetiza perfeitamente o ensinamento de Dubuis: “Portae Lucis”. Para esse fim, Jean Dubuis transmitiu à associação a integralidade de seus direitos autorais.

Nem guru, nem mestre

Essas poucas palavras, frequentemente pronunciadas por Jean Dubuis, expressam claramente a concepção de sua missão:

Revelar o conhecimento e transmiti-lo em um espírito de liberdade; propor uma série de ferramentas para caminhar em direção à transformação do próprio ser, sempre lembrando que para compreender o Grande Livro da Natureza são necessárias duas coisas: “um cérebro alerta e um coração generoso”. Dubuis nos convida a meditar e trabalhar: “Ora et Labora”.

Assim, não deixou de citar o lema de Gautama Buda, fazendo-o constar na contracapa dos fascículos de seus cursos:

Não acredite em nada só porque alguém lhe ensinou ou porque está escrito em algum livro antigo. Não acredite em nada só porque um líder religioso ou mestre lhe disse. Mas, quando você mesmo experimentar, quando algo fizer sentido para você, quando estiver de acordo com a sua razão e conduzir para o bem, então acolha-o e viva de acordo com essas verdades.

No dia 6 de abril de 2010, Jean Dubuis deixou este plano de existência aos 90 anos de idade, para se juntar definitivamente aos planos superiores que já visitava regularmente durante o que ele próprio chamava de “contatos noturnos”.

Ele deixou incompleta a tarefa a que se dedicara por uma década. O objetivo dessa tarefa era fornecer a toda pessoa interessada a possibilidade de se tornar verdadeiramente consciente de sua dimensão espiritual.

Com sua partida, ficamos órfãos de sua sabedoria e conselhos, mas ainda temos seus ensinamentos. Certamente serão necessários vários anos para que a riqueza inestimável de seu ensinamento se espalhe amplamente pelo inconsciente coletivo de nosso mundo materialista. 

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Publicações de Jean Dubuis no Brasil

A associação Portae Lucis autorizou Daniél Fidélis a disponibilizar, em língua portuguesa, a versão impressa de toda a obra de Dubuis.

Neste momento, temos disponível a edição do Volume 1 de seu curso “Alquimia Espagírica”, que aborda o reino vegetal.

O próximo lançamento será o livro curso de esoterismo geral, que já foi traduzido para o português e estamos finalizando os registros necessários para sua publicação.

Espero sinceramente que você possa enriquecer sua biblioteca com os ensinamentos de Jean Dubuis e, acima de tudo, vivenciá-los em sua prática diária.


Jean Dubuis criou 24 aulas de espagiria com descrições detalhadas dos processos práticos de laboratório e filosofia hermética.

São 24 aulas de espagiria com descrições detalhadas dos processos práticos de laboratório e filosofia hermética. Com sua vasta experiência em alquimia e esoterismo, Dubuis nos presenteia com uma obra singular, que certamente encantará aqueles que buscam compreender e aplicar os princípios da alquimia. Ao longo dos capítulos, Dubuis explora de forma clara e concisa os conceitos e técnicas da alquimia, apresentando um rico panorama de sua história, filosofia e práticas.

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8 Replies to “O Alquimista Jean Dubuis”

Fatima Amaral

Excelente !!!

Zehilda Sobral

Maravilhoso!
Um presente de imenso valor pra todos nós…

Ilton Nubes

SP, 21/04/2023 E.’.V.’. Excelente notícia, sobre os livros da Portae Lucis em português! Melhor do que isso seria a IHSA traduzindo e disponibilizando para nós, brasileiros, todo o material privativo da Portae Lucis, da PON – Philosophers Of Nature e de mister Jean Dubuis. Esse é um sonho que gostaríamos de ver realizado em breve. Seria mais um reconhecimento do relevante trabalho da IHSA.

Alexandre Fatalla Branco

Ele descreve o que a consciência, sua estrutura e como funciona no fluxo de informações multidimencionais da nossa evolução?
Ele explica, matéria e energia escura?
Pois sem isso não saímos só lugar!
AFB

Maria de Lourdes Barão

Fantástico! Parabéns pelo alto nível das postagens. Sou leitora assídua desse site.

Daniél Fidélis ::

❤️

Realino Antônio Rech

Muito bom. Parece um pouco de Hermes e a busca dos templários.

Iago Figueiredo

Que obra fantástica. Me alegra muito saber que em breve teremos os trabalhos dele disponíveis em português e impressos.

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