Tradicionalmente, dentro da astrologia alquímica (ou hermética), os diferentes metais são indicados com os mesmos símbolos utilizados para representar os planetas e, em muitos casos, os mesmos nomes.
Assim, para ouro dizemos Sol; para prata, Lua; para mercúrio, Mercúrio; para cobre, Vênus; para ferro, Marte; para estanho, Júpiter e, para chumbo, Saturno. Lembrando que, neste contexto, Sol e Lua são considerados planetas.
As analogias aqui expressas, segundo as quais se estabelece uma relação entre a alquimia e a astrologia, fundamentam-se no princípio das correspondências: “O que está em cima é como o que está embaixo”, conforme enunciado na Tábua de Esmeralda.
Outra importante observação a ser feita é a seguinte: a astrologia que conhecemos hoje é apenas uma fração da antiga alquimia. Ou seja, todo alquimista é um astrólogo, um profundo conhecedor dos astros, da mandala astrológica, de suas conexões com o corpo sutil do ser humano e os biorritmos naturais.
Um “alquimista” que não conhece a astrologia não pode se identificar como tal.
A astrologia e a alquimia relacionam-se entre si como o Céu e a Terra. Enquanto a astrologia (como disciplina alquímica) indica o significado do zodíaco e dos planetas, a alquimia, por sua vez, indica o dos 4 elementos, o das 3 substâncias e dos corpos (metálicos e orgânicos).
Os doze símbolos do zodíaco são uma imagem simplificada dos arquétipos que, de forma imutável, o espírito contém em si.
Os quatro elementos (fogo, terra, ar e água) e as três substâncias (enxofre, mercúrio e sal) revelam materialmente as diferenças fundamentais da matéria.
Já os planetas, ao se situarem nas suas diferentes posições uns em relação aos outros, concretizam no tempo as possibilidades contidas no zodíaco, forma de se representarem os modos de agir do espírito.
Uma pessoa age de certa maneira não porque nasceu sob determinada configuração zodiacal. É exatamente o contrário! Nascemos no tempo exato em que a posição dos astros melhor traduz quem somos naquele momento.
Daniél Fidélis ::
Voltando aos metais: o espírito que “desce” do Céu para a Terra se densifica na forma metálica conforme o astro do qual foi emanado. Por exemplo: o ouro é uma densificação do espírito do sol.
Em outras palavras, os metais são produzidos no obscuro ventre da Terra por obra dos sete astros.
Contudo, esta ideia não deve interpretar-se enquanto explicação física. Essa afirmação indica somente o modo como, na sua essência, as aparências corporais derivam dos dois polos da existência.
Isso não se aplica apenas à natureza externa (o macrocosmo), aplica-se igualmente ao microcosmo, isto é, ao ser humano no âmbito da sua condição de ente composto de alma e corpo, pois, do mesmo modo que para a alquimia existem metais “interiores”, também para a astrologia existem planetas “interiores”.
Planetas, Signos e Metais
Algumas alterações podem ser verificadas na ordenação entre metais e planetas. Algumas escolas alquímicas (os alquimistas helênicos, por exemplo) não vinculam o mercúrio com o planeta mercúrio, mas sim o elétron.
Outras correntes de pensamento colocam uma liga em seu lugar.
Mas a ideia essencial é que cada um dos sete metais represente um tipo determinado, ou seja, todo um grupo de metais relacionados entre si.
A dualidade dos polos ativo e passivo da existência, dualidade que se manifesta em oposição entre Céu e Terra, e entre planetas e metais, acaba se refletindo entre Sol e Lua, ouro e prata.
O Sol – ou o ouro – constitui, de certo modo, a representação do polo ativo da existência, enquanto a Lua – ou a prata – representa o polo passivo, a matéria-prima.
Os outros planetas – ou metais – participam em proporção variável de um ou de outro polo da existência, de tal forma que estes não se podem manifestar inteiramente neles.
Na figura 1, representamos marte com o símbolo utilizado atualmente. Ele era representado com uma cruz sobre o círculo (Vênus invertida). Reparem que os símbolos são compostos, basicamente, por uma combinação que pode conter: o círculo do Sol, o semicírculo da Lua e uma cruz (conexão das polaridades).
Outra observação em relação à cruz, feita acima, é que ela expressa as oposições que a matéria carrega dentro de si.
A graduação das propriedades cósmicas, que se manifestam de um modo ativo nos planetas e de um modo passivo nos metais, expressa-se claramente ao nível dos sete signos, pois estes tanto representam uns como outros.
Nos sete signos encontramos a expressão de uma espécie de hierarquia cósmica. Essa hierarquia tem origem na divisão da existência em um polo ativo ou masculino e um polo passivo ou feminino.
Que o Sol e a Lua correspondem aos dois polos da existência é algo que se deduz tanto da relação entre fonte de luz e reflexo, quanto da circunstância de a forma da Lua ser mutável, ou seja, apresenta fases, enquanto o Sol permanece constante.
Para além do Sol e da Lua, os outros planetas, ou os metais vulgares, constituem variações do arquétipo único que o Sol e o ouro representam, sendo por isso que em cada um deles a essência solar ou a essência lunar tem um papel preponderante, muito embora sem chegar a manifestar-se por inteiro, pois a relação do círculo ou do semicírculo com a cruz revela, segundo a posição, uma determinada perturbação do equilíbrio original dos elementos, já que em determinados signos a imagem do Sol ou da Lua se situa em cima; em outros em posições diferentes, conforme a característica expressada.
Significado dos símbolos planetários
Assim, temos na representação de Saturno ou chumbo, a meia lua abaixo da cruz, no ponto inferior da ordem material, evidenciando que o chumbo é o mais caótico dos metais.
Em Júpiter ou estanho, a meia lua está enlaçada com a linha horizontal da cruz, fato que corresponde – na alquimia – à posição intermediária entre o chumbo e a prata.
No signo de Vênus ou cobre, o Sol surge acima da cruz. Segundo Basílio Valentim, o cobre contém um excesso de força solar destituída de solidez, à semelhança de uma árvore que tivesse demasiada seiva.
O seu contraponto, tanto no que se refere à forma do signo quanto ao caráter, é o ferro ou Marte (cruz sobre o círculo, segundo a simbologia antiga), no qual o Sol se acha situado abaixo da cruz (ou da seta, segundo a simbologia atual), como que sumido no lado mais obscuro da terra.
Somente Mercúrio ou mercúrio contém em si as três figuras básicas: a cruz, o círculo e o semicírculo ou meia lua. Nele, a essência lunar e solar estão sobrepostas nos elementos.
O mercúrio é representado, em muitos tratados, como a matéria chave de todos os metais, enquanto a prata representa o estado virgem da matéria prima em toda a sua pureza.
Por essa razão, na alquimia, representamos a matéria – feminino – ora como símbolo da Lua ou da prata, ora com o do mercúrio, pois este corresponde à força geradora da matéria, ao seu aspecto dinâmico.
Do mesmo modo que o enxofre – o oposto ao mercúrio – é a força ativa da essência solar ou masculina.
Os alquimistas chineses designam o Sol como Yang solidificado, enquanto a Lua é Yin solidificado. Nessa mesma ótica, ouro é “enxofre” solidificado e estático, enquanto a prata é “mercúrio” solidificado.
É sempre bom relembrar que essas analogias não devem ser entendidas em um sentido físico, mas sim no contexto de uma cosmologia em que o aspecto corporal é largamente ultrapassado.
A série dos sete signos dos planetas e metais pode considerar-se como uma exposição simplificada de um determinado campo cósmico. Em cada campo existe algo de semelhante a um centro ou referência. Sendo aí que se manifesta de modo mais imediato o arquétipo ou a essência que, em tal campo, surge como dominante, abarcando-o na sua totalidade.
Deste modo, o ouro é centro de todos os metais; a gema, o das pedras; a rosa, o das flores; o leão, o dos quadrúpedes; a águia, o das aves; o ser humano, o de todos os seres vivos da Terra; a uva, o das frutas.
Toda representação deste centro é nobre, porque, enquanto símbolo, é o mais perfeito possível.
Muitas vezes a obra alquímica é definida como sendo a volatilização do sólido e a solidificação do volátil, ou, em outros casos, como sendo igualmente a espiritualização do corpo e a corporização do espírito.
O ouro é precisamente isto, nada mais.
Apenas no símbolo do ouro o ponto central do círculo surge claramente assinalado, fato que significa ser apenas no ouro que se vem a evidenciar a união do arquétipo com a sua representação material, do mesmo modo que apenas no ser humano perfeito a semelhança entre criatura e Deus vem a frutificar espiritualmente.
O Sol reina
O Sol não reina apenas na sua própria casa. Ele domina todo o Zodíaco, como pai.
Ele ascende e descendo pelo Zodíaco. O ponto situado entre uma subida e uma descida é a zona de Saturno, motivo pelo qual a vida do Sol e do ouro vem a estar velado ou implícito ao seu “caos” plúmbeo.
O mito alquímico do rei-Sol, que teve de morrer e ser enterrado a fim de poder depois renascer para a vida e alcançar toda a sua glória passando por sete dominações (regimes), não passa de uma versão romanceada deste simbolismo astrológico.
Mas isto é uma imagem cósmica de uma lei interior: assim, no ser humano, o Sol é a centelha divina que, aparentemente, morre quando a alma penetra na casa de Saturno para renascer e transformar-se.
Talvez este artigo pode ter sido um tanto quanto nebuloso, sobretudo para aqueles que nunca tiveram contato com tais assuntos astrológicos-alquímicos.
Se for este o seu caso, leia e releia, medite sobre as questões aqui apresentadas. Continue acompanhando o surgimento de novos artigos.
Pouco a pouco, esse véu será removido.
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Magnífica abordagem
Sinto enorme stração interior para me aprofundar nesses estudos. Como estou concluindo alguns cursos outros pela Web, pretendo em 2021 entrar para a Alquimia Operativa e escolher em qual das áreas possa começar o aprofundamento nessas questões. Gostei muito da abordagem, séria, porém acessível, e muito profunda. Gratidão por nos reservar momentos de tão preciosos conhecimentos…
Muito bom! Daniel! Adoro esses seus textos de estudos profundos. Sempre nos faz relembrar o sentido de muitas coisas ao nosso redor e a perceber a nossa existência com real valor. Obrigada!
Maravilhoso.
Estou muito FELIZ POR começar a caminhar pelo universo da alquimia e de estar rodeada de tanta sabedoria. E em especial agradeço Pela oportunidade de ter mais próximo à mim uma pessoa tão especial e amada por mentor e guia .
Estudo profundo e esclarecedor.
Ótimo texto!
Assunto complexo, porém maravilhoso. Tem que estudar muito sem nunca desistir. Entender, praticar.
gostei apesar de intender tudo
Muito interesante diferente do que conheço ,sobre astrologia
Exlente Daniel!!
Pienso como estudiante de Alquimia el estudi de la Astrologia Asi como lo ubica UD.
seria un buen emprendimiento
La Imagen ,que esta al comienzo una mano mirando al cielo otra con el dedo hacia abajo
Muy significativa
Texto profundo, para se ler varias vezes. Mas só de considerar a Lei das Correspondências já se tem uma base para sua compreensão.
Perfeito! mas indica uma obra que pormenoriza (alegoricamente) essa subida purgada de satan ate sua veste sol. (banho real)
Por favor! grato! porque os f
Bom dia vocês não tem o curso de astrologia
Excelente, esclarecedor…👏👏👏🙏🙏🙏