“Todos os homens justos, todos os eleitos, serão as cauções do mundo, e será preciso que eles cumpram a sua missão, já que o próprio homem não a cumpre”.
Louis-Claude de Saint-Martin
Existem duas grandes possibilidades de cada ser humano reagir ao meio em que vive. Uma delas, de forma natural e instintiva (pelo seu longo sofrimento na Terra), a chamada Via Natural;
Outra, de forma objetiva e consciente (por intermédio da evolução que a prática do Conhecimento possibilita) a Via Úmida – Solar – fundamentada na Teurgia Ígnea e nascida do emprego do Stibium, o Antimônio que purifica o Ouro.
De modo geral, vivemos na primeira dessas condições e somente passamos para a segunda quando desenvolvemos nossa Alma através da educação;
Do equilíbrio nas relações familiares; Da ampliação dos sentimentos de amor e fraternidade para com nossos semelhantes; Por intermédio do cumprimento de nossas responsabilidades no mundo e, especialmente, mediante o exercício de uma elevada religiosidade prática, isenta de preconceitos.
A primeira condição – a instintiva – já nos acompanha desde o nascimento e, portanto, é inata; não necessita de qualquer esforço. Se nada fizermos, ela norteará toda a nossa existência apenas com ligeiras variações em função da idade, do amadurecimento e das condições de vida que levarmos.
Ou seja: o meio agirá, quase sem que o percebamos, de forma a suavizar ou a enrijecer, naturalmente, as nossas atitudes em relação às pessoas e ao mundo que habitamos, sempre em função do nosso jeito de encarar as coisas.
Por outro lado, agora, começando a conhecer um pouco mais as peças deste grande quebra-cabeças de que fazemos parte, temos a possibilidade de escolher o nosso futuro direcionando-o da maneira que nos parecer mais conveniente, a fim de atingirmos um objetivo; um porvir, que, sendo perfeitamente possível, requer que seja melhor “trabalhado” para que efetivamente ocorra. O futuro, efetivamente, está em nossas mãos.
Alguns autores antigos deram à condição instintiva em que o homem vive o nome de Torrente, simbolizando um fluxo contínuo de água num rio imaginário em que a humanidade inconsciente se encontra imersa – o Flumen Terribilis.
O ser humano comum é levado por essa corrente que o carrega deslizando entre pedras e corredeiras, sem que haja qualquer reação por parte dele no sentido de mudar a rota, a velocidade ou o destino que o espera.
Imaginemos milhares de pessoas nesse grande rio sendo levadas pela corrente, batendo umas nas outras, chocando-se também contra as pedras, contra as árvores submersas, e parando em obstáculos de toda espécie, sem contar com qualquer tipo de ajuda ou compreensão entre elas, submergindo e emergindo ao sabor das águas sem saber o que existe depois da próxima curva e sem consciência até, de onde esse fluxo, afinal, irá desembocar.
É uma visão aterradora para quem observa esse quadro do lado de fora. Lá dentro, na Torrente, porém, não existe qualquer referência para a humanidade. Todos estão na mesma situação, passando pelos mesmos obstáculos, sem ideia precisa do que está acontecendo.
Aquele que está envolvido pela correnteza tenta apenas sobreviver e não tem muitas possibilidades de lançar um olhar lúcido para fora das corredeiras.
Se pudesse olhar, com certeza decidiria lutar contra esse terrível fluxo e dar um rumo consciente à sua vida, escolhendo um caminho mais seguro.
Compreender os aspectos dos quais o homem é composto, é o primeiro olhar lançado para fora da Torrente. Depois, mais conscientes, entenderemos melhor com que meios podemos contar para tentar alterar essa marcha desordenada na qual estamos envolvidos, procurando sair desse curso avassalador que nos conduz a um destino ignorado e incerto.
Saber que existe a possibilidade do homem ser diferente daquilo que foi até agora, é o preâmbulo necessário de uma tomada de providências práticas que virão depois.
Talvez tenhamos chegado à conclusão de que somos seres complexos em lento desenvolvimento, e que, infelizmente, ainda não estamos entre a elite que já deixou a impetuosa Torrente que tudo carrega nas águas dos instintos e das baixas emoções.
Já sabemos que enquanto nosso Corpo Inferior ou Instintivo nos aprisionar em seu nível de influência e enquanto a Alma Inferior nos envolver em sua esfera de ação, permaneceremos ao sabor das ondas que nos carregam sem que quase nada possamos fazer para mudar esse assustador trajeto.
Entretanto, para os que buscam a Sublimação, certamente algo de bom já aconteceu. Percebemos que lançado o primeiro olhar para fora de nós mesmos, existe um mundo de esperanças e realizações aguardando por nós, na medida em que nos elevamos em sentimentos e atos, olhando para o Alto e estendendo a mão, suplicante, em direção ao Criador.
Mas, trata-se de um trabalho estritamente pessoal, pois o conhecimento místico, e o seu resultado, é sempre individual.
No plano da Alma até podemos desenvolver uma certa sabedoria, mas, seria praticamente impossível, supondo que a tivéssemos, transferi-la diretamente a alguém. E é por isso que a maneira pela qual encararmos esse desafio; a força que empregarmos para continuar essa busca; a perseverança que não nos deixará desanimar e a fé em nossa capacidade de reagir, é que determinará o tempo e a forma como, daqui pra frente, iremos evoluir.
Paisagens são colocadas às margens do grande rio para que, observando-as, possamos meditar, e assim, nos decidamos a agir. São parte dos três materiais – a Tria Prima – que serão processados no Laboratorium, local de trabalho da nossa particular Transmutatio Alchimica.
Não podemos conduzir ninguém pela mão para que persevere no caminho que parece ser o melhor, pois lhe tiraríamos o mérito de vencer por si próprio.
Apenas apontamos, de longe, uma Senda; uma possível Rota a seguir, que, pelo seu particular discernimento cada um poderá trilhar, se assim, conscientemente, o decidir. As conclusões finais sempre deverão ser desenvolvidas individualmente, através de uma profunda meditação pessoal.
O certo é que cada um chegará a atingir o nível de conhecimento para o qual estiver preparado. Uns mais, outros menos. Todos, entretanto, poderão usufruir uma nova visão das coisas, e mais do que isso, divisarão novas perspectivas em suas vidas, tornando-as mais úteis para a maioria.
A elevação que cada um puder realizar nos três planos – do Corpo, da Alma e do Espírito – dar-lhe-á uma visão muito mais ampla, vista desde um patamar superior como se estivesse num estádio esportivo e fosse subindo os degraus da arquibancada cada vez mais para o alto.
A visão do conjunto será cada vez mais extensa na medida em que ascender aproximando-se do topo e, as coisas inferiores da matéria – os vícios e as paixões desenfreadas – representadas pelo nível mais baixo do campo, dele cada vez mais se afastarão, tornando-se pouco significativas em sua vida.
Até aqui já obtivemos algumas informações valiosas, mas precisaremos, ainda, proceder à Digestio recomendada pelos Mestres Artífices do passado – a digestão da matéria cozida no Forno – avaliando cada assunto tratado, para, assim, extrairmos do texto tudo aquilo que ele contém de útil e que talvez mesmo nem sequer tenha sido dito, mas que pode estar lá, oculto, pronto para ser descoberto, se este for realmente o nosso desejo interior.
Enquanto isso, a matéria prima continuará borbulhando no Crisol, desprendendo seus vapores venenosos para longe da atmosfera particular do Operador Consciente.
A senda oculta da alquimia.
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Um texto claro e objetivo. Lembra-me, com o mesmo sentido, a passagem dos usos do cérebro reptiliano para o racional e deste para a etapa seguinte, do espírito.
Belo texto , parabéns .
Antes de trabalhar os 3 materiais a Tria Prima , há que trabalhar os 4 elementos, só depois se pode passar aos 3 .
http://www.acaminhodacasa.blogspot.com/2015/02/a-via-verdadeira-e-vencer-os-pecados.html
abraço fraterno do outro lado do mar….Lisboa-Portugal
Muito bom e claro o texto.Obrigado
gostaria de reseber o estudo da alquimia
Olá Antonio Oliveira. Acesse: http://ihsa.org.br/afiliacao