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Esoterismo

Os Celtas

Daniél Fidélis ::
Escrito por Daniél Fidélis :: em 01/02/2014
Os Celtas
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Os grandes conflitos no círculo do decadente Império Romano terminaram com a vitória do cristianismo. Quando o bispo de Roma se apoderou das insígnias do imperador romano, ele também proclamou que a Igreja tinha a pretensão de ser a herdeira e guardiã de tudo o que o Império Romano personificava, tanto no âmbito mundial como no político e espiritual. Pelos quase mil anos seguintes, a Igreja nunca mais abriu mão desse controle espiritual.

Depois que Tomás de Aquino (1226 – 1274) organizou a estrutura ideológica para a teologia e os dogmas da Igreja com base na filosofia de Aristóteles, o esoterismo finalmente foi dominado, e qualquer tentativa de reerguê-lo estava desde o início destinada ao fracasso ou terminava em catástrofe. Com isso, iniciou-se uma época que durou vários séculos e que, às vezes, é designada com o nome de “a sombria Idade Média”.

Antes de falar sobre as tentativas que surgiram, queremos falar algo sobre o extraordinário povo Celta. Sua importância para o esoterismo ocidental no passado, na maioria das vezes, foi desvalorizada.

É provável que os celtas sejam originários do interior da Eurásia, de onde saíram dirigindo-se para o Oeste, a fim de morar na região situada a sudoeste da Alemanha e no cantão alemão da Suíça. Eles foram expulsos pelos povos germânicos para o outro lado do Reno, onde fica a França, e ali estabeleceram cidades. Acabaram por apoderar-se das ilhas britânicas. Os celtas passaram pela história sem deixar rastros. Pouco sabemos em essência sobre sua cultura e religião, e esse pouco está tão intensamente entrelaçado com a mitologia que não podemos esperar dele informação históricas exatas. Na Gália, os celtas foram derrotados por Júlio César e romanizados. No século V, ele chegaram às ilhas britânicas sob a pressão dos invasores anglo-saxões e conseguiram se instalar de certa forma no Ocidente, em Gales e na Irlanda. Nossa hipótese é a de que, no oeste da Bretanha, os celtas se encontraram com os últimos remanescentes da cultura Atlântida orientada para a magia, e se apoderaram deles.

Da religião celta restou, em essência, muito pouco, e esse pouco ainda está ligado aos costumes celtas, pois eles incorporaram em seus ritos e raciocínios religiosos as tradições ligadas aos lugares em que erigiam suas cidades. Os acontecimentos, entretanto, indicam que a mitologia celta, proveniente da Bretanha e da Irlanda, pode ainda nos transmitir muitas informações sobre tradições ainda mais antigas.

A entidade máxima do mundo céltico de deuses parece ter sido uma Deusa-Mãe tríplice, ou com três imagens, que tinha grande semelhança com a Hécate que nos vem dos antigos. A seu lado, e ao mesmo tempo hierarquicamente inferior, está uma divindade masculina com chifres, cujo nome era Cernunos. Talvez aí se vejam restos de um antigo culto ao Sol e à Lua dos atlantes.

Para nós, embora se trate de um ritual horrível, é interessante o que Robert Graves descreve em seu livro A Deusa Branca. Todos os anos, na época do solstício de verão, um rei simbólico era levado ao centro de um círculo de doze pedras dispostas ao redor de um carvalho. A esse carvalho era dada a forma de uma Cruz-T. Em seguida, depois que esse rei era embriagado, ele era amarrado, chicoteado, em seguida castrado ou cegado, espetado num dardo envolto em visco e cortado em pedaços sobre o altar. O sangue derramado na ocasião era recolhido numa bandeja e espargido como se fosse uma dádiva sacramental sobre o povo ali reunido. Em seguida, todos os presentes comiam um pedaço do cadáver do rei!

Apesar da terrível e inimaginável crueldade que esse ritual tem para nós, homens modernos, ainda assim existe certa semelhança com a história da paixão de Jesus Cristo. Fica em aberto a questão de se a história da paixão de Cristo, tal como o ritual sacrificial celta, pertenceria a uma tradição ainda mais antiga. Além disso, chama-nos a atenção certa semelhança parcial entre a cultura e a religião celta e hindu. A tríplice Deusa-Mãe traz características que encontramos, por exemplo, na deusa Káli, ou Durga. Também há afinidades entre certos rituais celtas e hindus, além de chamar a atenção a semelhança entre a palavra hindu “drawida”, que sinifica “morador do país meridicional”, e a palavra “druida” usada para designar os sacerdotes celtas. Se essas semelhanças provêm de uma origem eurasiana comum ou se apareceram por outras vias, trata-se de uma pergunta que não pode ser definitivamente respondida.

Embora os celtas tivessem de fugir primeiro dos povos germânicos e depois dos romanos, no continente europeu, parece que sua tradição mágico-religiosa, como uma corrente subterrânea, continuou sendo mantida viva pelo povo. Fontes isoladas dessa corrente subterrânea tornaram a jorrar na Idade Média, na forma de magia popular, recebendo o nome de bruxaria.

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