Neste artigo, exploramos o simbolismo presente na gravura criada por James Nasmyth em 1845. O engenheiro e inventor escocês, nascido em 19 de agosto de 1808, demonstrava interesse pelas Artes Herméticas, o que se reflete na escolha de Roger Bacon como tema desta ilustração.
Por isso, a gravura retrata o alquimista cristão Roger Bacon, figura emblemática do século XIII, em pleno experimento laboratorial. Bacon, nascido em 1220 e falecido em 1292, foi Padre, Filósofo, Teólogo, Astrólogo e Alquimista. Sua vida, marcada pela busca de sabedoria e espiritualidade, é um exemplo claro do simbolismo que permeia a alquimia. A seguir, analisamos os elementos mais significativos desta fascinante gravura.
O Simbolismo do Alquimista Solitário
No centro da gravura, Roger Bacon aparece em seu claustro, cercado pelo teto abobadado e vestindo uma túnica sacerdotal. Essa representação remete ao isolamento que caracteriza muitos alquimistas. Trabalhar a sós é uma prática comum, favorecendo a introspecção e a concentração necessárias para a Grande Obra.
Além disso, o simbolismo do isolamento não é apenas físico, mas espiritual. Alquimistas, em geral, optam por uma vida dedicada ao silêncio, ao estudo e à busca interior. Nas raras ocasiões em que compartilham seus conhecimentos, é sempre com alunos cuidadosamente selecionados.
O Simbolismo do Conhecimento na Alquimia
À direita da gravura, um assento ornamentado e um livro aberto reforçam o papel fundamental do estudo na preparação do alquimista. Além disso, os livros espalhados pelo chão simbolizam o acúmulo de saberes necessários para o progresso nas práticas herméticas.
Dessa forma, na alquimia, o estudo não é apenas intelectual, mas espiritual. O simbolismo dos livros evoca a conexão entre a busca por conhecimento e a transformação interior, indicando que o verdadeiro alquimista é, antes de tudo, um amante da sabedoria.
A Espiritualidade como Pilar Alquímico
Um detalhe marcante da gravura é o pote virado no chão, revelando uma cruz em seu fundo. Este elemento contém um profundo simbolismo, representando a união entre o trabalho terreno e o sagrado.
Nesse contexto, Roger Bacon, como Frei da Ordem dos Franciscanos, passava longos períodos em meditação e oração. Para os alquimistas, a espiritualidade é essencial, independentemente de sua religião. A cruz no pote simboliza a dependência do alquimista das bênçãos divinas para o sucesso de sua Obra.
O Simbolismo dos Astros na Alquimia
No lado direito da gravura, acima da cabeça de Bacon, vemos um Quadrante, instrumento usado para medir a posição dos astros. Esse elemento é carregado de simbolismo, indicando a importância da astrologia no trabalho alquímico.
Por conseguinte, Roger Bacon, como grande observador do céu, reconhecia a influência dos astros sobre os processos terrestres. O simbolismo do Quadrante reforça a ideia de que a alquimia está intrinsecamente ligada ao cosmos, com a astrologia guiando o momento ideal para cada operação.
O Foco e o Simbolismo do Fogo
Na gravura, Roger Bacon manuseia um fole, dirigindo o ar para alimentar as brasas. Este ato simboliza a concentração e a perseverança, qualidades indispensáveis ao alquimista. O fole, como ferramenta, carrega o simbolismo da intensidade e do controle, essenciais tanto no laboratório quanto na jornada espiritual.
Além disso, o fogo simboliza a transformação e a purificação. Para o alquimista, tanto o fogo externo quanto o interno precisam ser mantidos constantes, representando o esforço contínuo e a fé inabalável diante dos desafios.
A Destilação como Símbolo de Purificação
O processo de destilação, representado na gravura, é rico em simbolismo. No laboratório, ele purifica a matéria; no âmbito espiritual, ele refina o próprio operador. Este simbolismo reforça a busca pela perfeição, tanto no plano material quanto no espiritual.
Nesse sentido, assim como o ouro é o modelo perfeito dos metais, Deus ou Cristo é o modelo de perfeição para os alquimistas cristãos. O simbolismo da destilação reflete a união entre Criador e Criatura, que é o objetivo final da alquimia.
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Podemos observar também, que ele está entre duas colunas.
Isto nos remete à Cabala, um dos pilares da Alquimia.
Na Árvore da Vida, na Cabala, há três pilares. Dois deles representam o Masculino e o Feminino. O do meio representa o equilíbrio entre eles. Roger está exatamente no meio destes dois pilares, nos dizendo que para concluirmos a Magna Obra, devemos achar este equilíbrio. Grande abraço!