Análise Completa do Simbolismo da Gravura: Roger Bacon Conduzindo um Experimento Alquímico - Alquimia Operativa

Alquimia

Análise Completa do Simbolismo da Gravura: Roger Bacon Conduzindo um Experimento Alquímico

Daniél Fidélis ::
Escrito por Daniél Fidélis :: em 23/09/2022
3 min de leitura
Análise Completa do Simbolismo da Gravura: Roger Bacon Conduzindo um Experimento Alquímico
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Neste artigo, fazemos uma análise do simbolismo alquímico desta bela gravura, feita por James Nasmyth em 1845.

J. Nasmyth foi um engenheiro e inventor escocês, nascido em 19 de Agosto de 1808, em Edimburgo, e falecido em 7 de Maio de 1890.

Ao que parece, interessava-se pelo estudo das Artes Herméticas.

Nesta gravura, ele retrata o alquimista cristão Roger Bacon conduzindo um experimento alquímico de laboratório.

Roger Bacon foi um Padre, Filósofo, Teólogo, Astrólogo e Alquimista inglês nascido em 1220 na cidade de Ilchester e falecido em 1292, em Oxford. Foi um Frei da Ordem dos Franciscanos.

A seguir, expomos as impressões que obtivemos após uma cuidadosa meditação sobre esta bela gravura.

O alquimista trabalha sozinho

Bem ao centro, podemos ver a representação do Alquimista Roger Bacon em seu claustro com o teto em forma de abóbada. Suas vestes (uma túnica) são sacerdotais.

Não é uma regra, mas bastante comum que os alquimistas prefiram realizar o seu trabalho alquímico a sós em seu espaço.

Nas raras ocasiões em que permitem o acesso de outras pessoas, estas estão ali com o propósito de aprender a Arte e somente após uma criteriosa avaliação pessoal.

O gosto pelo silêncio, a predileção pela vida interior e a propensão a uma rotina de estudos fazem com que o isolamento seja uma consequência natural na vida de todo alquimista.

O estudo precede o trabalho

Do lado direito, separados de todos os utensílios, temos um belo acento com um livro aberto bem ao lado.

O conjunto sugere que, antes do trabalho prático, o alquimista dedicou algum tempo ao estudo, à preparação de si mesmo.

A sequência de livros posicionados no chão indica que o conhecimento pavimenta o caminho até o desvelar das práticas herméticas.

Assim como o filósofo, o alquimista é um amante da sabedoria.

O trabalho espiritual é suporte para o laboratorial

Nos chamou a atenção a existência de um pote virado no chão, revelando uma cruz em seu fundo.

Recordemos que Roger Bacon viveu por muito tempo em um dos Mosteiros da Ordem dos Franciscanos. Portanto, passava boa parte do seu dia em um claustro, um aposento privativo. Rezava e meditava sobre as Sagradas Escrituras.

Apesar da alquimia não possuir uma religião oficial, ela se adapta muito bem aos diversos credos religiosos. Isso aconteceu com os alquimistas egípcios, os alquimistas judeus, os alquimistas árabes e, posteriormente, com os alquimistas cristãos (que prevaleceram no Ocidente), entre outros.

Não importa se o alquimista está vinculado ou não a uma ordem religiosa, a espiritualidade é um dos pilares de sustentação de sua Jornada, seja ela interior ou exterior.

O alquimista concebe e condiciona o sucesso de sua Obra às bênçãos divinas aliadas ao seu empenho.

É isso o que representa a cruz desenhada no fundo do pote.

O alquimista não ignora a influência dos astros

Do lado direito do alquimista, na altura de sua cabeça, temos um Quadrante – instrumento utilizado para medir a distância angular na vertical entre um astro e a linha do horizonte. Foi predecessor do Octante e do Sextante.

Acredito que Nasmyth decidiu incluir este instrumento na gravura como forma de ressaltar a importância que os alquimistas conferem à influência dos astros.

De fato, Roger Bacon foi um grande observador do céu e da natureza terrestre, procurando entender suas correlações. Inclusive, escreveu uma obra intitulada “Speculum astronomiae”.

Se você é nosso aluno de alquimia ou um antigo leitor dos artigos do nosso site, certamente tem conhecimento sobre as regências que os astros exercem sobre nós e na natureza de uma forma geral.

Para o alquimista, a astrologia é uma ferramenta que dá suporte ao seu trabalho alquímico, ajudando a determinar o melhor momento de efetuar as suas operações.

O alquimista trabalha focado

Na gravura, Roger Bacon está manuseando um fole e olhando atentamente para o objeto do seu trabalho.

O fole coleta o ar e o concentra em um único ponto, intensificando a sua atuação. É o símbolo da concentração, do foco.

Assim deve proceder o alquimista ao longo de sua jornada, não permitindo que nenhuma distração prevaleça sobre o que é importante para o seu progresso na Obra.

O alquimista mantém o fogo constante

O fole, por sua vez, está apontado para o material em brasa que fornece o calor necessário para a operação.

Um dos grandes desafios de todo alquimista que se dedica às operações de laboratório é o regime do fogo. Não importa se a operação é conduzida por meio da chama natural ou por equipamentos modernos. Cada método possui as suas características e contratempos.

A fonte de calor precisa ser alimentada adequadamente, sem variações bruscas, sem deixar esfriar.

O mesmo deve ocorrer na dimensão espiritual da alquimia. O nosso fogo interno jamais deve abrandar-se. Devemos nos manter ativos, entusiasmados e constantes, não importa as circunstâncias e os desafios da vida.

Se no laboratório externo o fogo é alimentado pela madeira, carvão, gás ou eletricidade, no interior ele é sustentado através da comunhão com Deus, da harmonia com a natureza e consigo mesmo.

Destilar é a arte de extrair virtudes

Finalmente, chegamos na operação de destilação, cujo produto é a elevação das virtudes, tanto da matéria que se está trabalhando, quanto do próprio operador.

O objetivo de toda destilação é obter um produto mais puro, concentrado das virtudes desejadas conforme a natureza do material.

Da mesma forma que as sucessivas destilações eliminam as impurezas, o alquimista deve despojar-se de suas imperfeições.

Internamente, é um processo que exige humildade e desapego.

Assim como o ouro é um modelo de perfeição para os metais, Deus (ou Cristo, no caso dos alquimistas cristãos) é o modelo de perfeição para o Seu Humano.

O processo alquímico favorece a unidade entre Criador e Criatura, na medida em que nos tornamos matéria maleável e que, ao mesmo tempo, suporta a prova do fogo.

Eis o grande objetivo da Alquimia!

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One Reply to “Análise Completa do Simbolismo da Gravura: Roger Bacon Conduzindo um Experimento Alquímico”

Fernando

Podemos observar também, que ele está entre duas colunas.
Isto nos remete à Cabala, um dos pilares da Alquimia.
Na Árvore da Vida, na Cabala, há três pilares. Dois deles representam o Masculino e o Feminino. O do meio representa o equilíbrio entre eles. Roger está exatamente no meio destes dois pilares, nos dizendo que para concluirmos a Magna Obra, devemos achar este equilíbrio. Grande abraço!

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